quinta-feira, 3 de junho de 2010

JARDIM BOTÂNICO DE BELÉM


O Jardim Botânico Tropical (JBT) está situado na zona monumental de Lisboa, em Belém, junto ao Mosteiro dos Jerónimos.

Ocupa uma área de cerca de 7 hectares, integrando um Jardim Botânico com cerca de 5 ha, que inclui uma estufa com aquecimento, e outros abrigos de vários tipos (IICT, 1983).

O Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT) foi criado em 25 de Janeiro de 1906 por Decreto Régio, no contexto da organização dos serviços agrícolas coloniais e do Ensino Agronómico Colonial no Instituto de Agronomia e de Veterinária, tendo-se denominado então Jardim Colonial.

Este Jardim, com uma forte vocação didáctica, é considerado “base indispensável ao ensino” por ser “indispensável o exemplar vivo para que a demonstração seja rigorosamente cientifica e educativa, para que o aluno não fique imaginando somente como são os animais e os vegetais, mas tenha a noção viva da realidade”.

Todavia, desde os seus primórdios o Jardim Colonial foi entendido, também, como centro de estudo e experimentação de culturas, como espaço de recolha de informação sobre a agricultura colonial, como centro promotor de relações com instituições congéneres (designadamente tendo em vista o intercâmbio de material vegetal) e como centro fundamental para a resposta a questões de índole técnica.
Na base para a organização dos serviços agrícolas coloniais, aprovadas e publicadas com o Decreto acima referido, estabelece-se, ainda, que a instalação do ensino agrícola tropical incluía um “laboratório” e um “museu” e que o Director do Jardim seria o docente da disciplina de Geografia económica e culturas coloniais.

Esta situação manteve-se até 1944, data em que o Jardim Colonial se funde com o Museu Agrícola Colonial para formar o Jardim e Museu Agrícola Colonial. Assim, o Jardim deixa de estar sob a dependência pedagógica do Instituto Superior de Agronomia e o seu Director deixa de ser um docente deste Instituto. A designação evoluiu em 1951 para Jardim e Museu Agrícola do Ultramar, passando a integrar-se em 1974 na Junta de Investigações do Ultramar, hoje Instituto de Investigação Científica Tropical. Em 1983 o Jardim adopta a designação actual de Jardim-Museu Agrícola Tropical (JMAT).
Inicialmente instalado nas Estufas do Conde de Farrôbo e respectivos terrenos anexos, o Jardim foi transferido em 1912 para a “Cêrca do Palácio de Belém”, onde ainda hoje se encontra.

Em 1983, o Jardim Museu Agrícola Tropical (JMAT), uma das unidades funcionais do IICT, vê as suas competências estabelecidas, referindo-se, de entre elas: “desenvolver e assegurar a manutenção de colecções de plantas vivas das zonas tropicais e subtropicais, ao ar livre ou em ambiente confinado, com classificação e catalogação actualizadas, que constituem material de estudo e ensino”.

Actualmente os objectivos do Jardim Botânico Tropical, designação recentemente atribuída, perspectivam-se em três vertentes: a de "montra" das actividades do IICT, a de "palco" de exposições e outros eventos capazes de atrair o público e de aumentar a sua visibilidade e a de “pólo científico".


Como membro de associações internacionais como o Botanic Gardens Conservation International, a Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos e o European Botanic Gardens Consortium, o Jardim Botânico Tropical promove a implementação da Internacional Agenda for Botanic Gardens in Conservation (Jackson & Sutherland 2000) com a aplicação dos princípios da Convenção sobre Diversidade Biológica e o respeito pelas directivas emanadas pela Global Strategy for Plant Conservation.
Para a dinamização e realização de actividades de índole científica, técnica, educacional, cultural e de apoio à comunidade, compatíveis com os objectivos do Jardim Botânico Tropical, foi criada, em 17 de Junho de 2005, a Liga dos Amigos do Jardim Botânico Tropical, associação sem fins lucrativos que se propõe, ainda, angariar fundos complementares e contribuir para a definição das linhas orientadoras do Jardim Botânico Tropical.


Parte da informação foi recolhida em:
Visão estratégica da competência Nuclear Acesso e Preservação do Património - PAT (25/11/05)

Para mais informações sobre a história do Jardim veja-se:
Almeida, J. 1924. Jardim Colonial. Guia de Portugal, 2ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, vol. I: 401-402.
Almeida, J. 1927. O Jardim Colonial de Lisboa. Brotéria, número especial: 89-102.
Fragateiro, B.O. 1935. Jardim Colonial. Guia de Portugal Artístico, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, vol. II: 23-32.
Instituto de Investigação Científica Tropical (ed.) 1983. O Jardim-Museu Agrícola Tropical. Da Comissão de Cartografia (1883) ao Instituto de Investigação Científica Tropical (1983). 100 Anos de História. IICT, Lisboa: 181-193.
Liberato M.C. & Moura I. 2003. ZAMIACEAE no Jardim-Museu Agrícola Tropical. Anais do Instituto Superior de Agronomia 49: 119-144.
O Jardim Botânico / Plantas do Jardim / Catálogo de Plantas

O Parque e Estufas do Jardim Botânico Tropical reúnem um conjunto de cerca de 500 espécies perenes, algumas das quais com subespécies ou variedades.

A maioria das espécies é de origem tropical ou subtropical, no entanto, dado o carácter não só de investigação, mas também didáctico e de lazer do Jardim, existem algumas originárias de regiões temperadas.

De entre o acervo deste Jardim, podem salientar-se os seguintes exemplares:

- Ficus macrophylla Pers. e F. sycomorus L., pelo porte notável que exibem;

- Araucaria heterophylla (Salisb.) Franco, Dracaena draco (L.) L.,
várias espécies de Encephalartos, lauráceas de origem macaronésica como Apollonias barbujana (Cav.) Bornm., (Steud.) Franco, Ocotea foetens (Aiton) Benth. e Persea indica (L.) Spreng. e palmeiras (C.Moore et F.Muell.) Becc., Jubaea chilensis (Molina) Baill. e Washingtonia filifera (Linden) H.L. Wendl., espécies ameaçadas de extinção;

- Ginkgo biloba L. e Eucommia ulmoides Oliv., espécies que se supõe actualmente extintas nos seus habitats naturais;

- Cycas revoluta Thunb., espécie dióica, conhecida desde o Triássico, que apresenta as flores femininas mais primitivas;

- Elevado número de espécies de interesse económico das famílias Agavaceae, Araceae, Myrtaceae, Moraceae e Palmae utilizadas na alimentação, como fornecedoras de madeiras ou fibras, usadas para sombreamento de culturas ou arruamentos e ornamentais, entre outras.


Esta informação, assim como uma listagem completa das espécies existentes no Jardim poderá ser obtida em: Liberato, M.C. 1994. Catálogo de Plantas do Jardim-Museu Agrícola Tropical. Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical / Fundação Berardo, 101 pp.

O Jardim Botânico / Plantas do Jardim / Índex Seminum
Os Índices Seminum são listas de sementes que os jardins botânicos editam anual ou bienalmente. Estas sementes, colhidas nos próprios jardins ou na natureza, destinam-se ao intercâmbio com instituições congéneres de todo o mundo. As instituições que as recebem comprometem-se a utilizá-las para benefício público, em investigação, educação ou no enriquecimento das suas colecções botânicas.

O Índex Seminum do Jardim Botânico Tropical é editado desde 1949. Este catálogo inclui, actualmente, sementes de 100 taxa e é enviado a centenas de jardins botânicos, arboretos e departamentos universitários que participam nesta permuta internacional. As amostras pedidas são enviadas a título gratuito e tratando-se de um intercâmbio, há também a possibilidade recíproca de receber sementes dos cinco continentes, destinadas à valorização das colecções do Jardim e à investigação.

A Associação Ibero-Macaronésica de Jardins Botânicos publica desde 1991, com periodicidade anual, uma colecção conjunta de Índices Seminum, que integra um exemplar do Jardim.

Animais observados no JBT


Espécies exógenas no Jardim Botânico Tropical - Quando os pardais forem raros...

Frequentemente as pessoas mantêm junto de si animais de várias espécies que, no geral, se designam por animais de companhia. As razões porque o fazem, as ligações que estabelecem, as dependências que se constituem e tantos outros aspectos são campos de investigação de ciências como a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia ou a Biologia. Os animais de companhia, frequentemente exóticos, são tantas vezes objectos de consumo, produzidos quer em cativeiro, semi-cativeiro ou em liberdade controlada, quer obtidos nos seus próprios habitats.
O tráfico de animais de companhia, legal e, infelizmente, ilegal, adquire valor económico relevante em áreas tropicais e subtropicais ricas em património natural, mas com indicadores de desenvolvimento baixos.
Exportados e depois comercializados noutras regiões que não as das suas áreas naturais estes animais constituem potenciais “propágulos” das espécies a que pertencem, sempre com consequências mais ou menos danosas para as espécies autóctones.
As cidades, pelo seu número de habitantes e correspondente número de animais de companhia, são pontos de introdução de espécies exóticas; por outro lado, outras espécies exóticas já introduzidas, nomeadamente as de plantas ornamentais (as cidades têm jardins mas não recriam as paisagens naturais que as rodeiam) que podem constituir habitats de pouca qualidade para muitas espécies autóctones, constituem certamente habitats potenciais para muitas espécies exógenas.
É assim que hoje se vêm nos jardins de Lisboa várias espécies exóticas de animais de companhia, algumas, provavelmente, já estabelecidas. Se elas irão utilizar apenas a cidade ou se irão ocupar também áreas naturais só com o decorrer do tempo se constatará.

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